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Estudante mineira quer interromper “dor insuportável” com eutanásia

Carolina Arruda sofre com a neuralgia do trigêmeo.

Por CNN Brasil 04/07/2024 08h08
Estudante mineira quer interromper “dor insuportável” com eutanásia
Carolina Arruda, que sofre com neuralgia do trigêmeo, doença crônica que afeta 4 a cada 100 mil pessoas no mundo - Foto: Reprodução

27 anos, um marido, uma filha e o sonho de se tornar médica veterinária. Carolina Arruda poderia ter uma vida normal em Bambuí, no interior de Minas Gerais, mas ela sofre todos os dias com uma dor insuportável que provoca desmaios, vômitos e internações.

Nem mesmo a combinação de morfina, analgésicos e canabidiol foram capazes de frear o sofrimento que já dura mais de dez anos.

“Imagina uma dor que torna impossível falar, sorrir, comer. São as coisas mais simples que essa dor limita e me incapacita de uma forma que eu não consigo descrever”, disse a estudante à CNN.

“Tem momentos que tudo que eu posso fazer é me deitar e me encolher num canto e esperar com que essa dor passe, mas ela realmente nunca vai embora. Eu vivo com essa dor 24 horas por dia.”

Carolina tem a neuralgia do trigêmeo. A doença crônica afeta 4 a cada 100 mil pessoas no mundo. As dores no rosto são desencadeadas ao falar, beber, mastigar, escovar os dentes e até mesmo com uma leve brisa.

A dor vem do nervo do trigêmeo que se espalha internamente pelos dois lados da face. Descrita como a causa de uma das dores mais violentas da medicina, a doença segue sendo um mistério na ciência.

Especialistas acreditam que as sensações que se assemelham a descargas elétricas vem da deterioração da bainha de mielina, uma espécie de encapamento dos nervos da face.

“Ao longo desses 11 anos eu tentei de tudo. Eu passei por quatro cirurgias, cada uma com a esperança de um alívio que nunca veio. Eu experimentei diversos tratamentos farmacológicos, desde medicamentos convencionais até opções mais experimentais. Eu investi tempo, dinheiro e uma quantidade imensa de energia em busca de qualquer coisa que pudesse aliviar a minha dor”, conta a estudante.

Ela diz que também buscou terapias alternativas, mudanças na dieta, exercício físico e recentemente começou a usar o canabidiol, que “trouxe alguma melhora”, “mas não o alívio completo” que ela tanto desejava.

Agora, a mãe de Isabela, de 10 anos, quer interromper a própria vida num processo de eutanásia fora do Brasil. O plano é arrecadar dinheiro com uma vaquinha virtual que a permita viajar até a Suíça e passar por um suicídio assistido.

A meta de arrecadação é R$ 150 mil, dos quais R$ 24 mil já foram doados.

“Eu sou casada com um marido maravilhoso, tenho uma filha que é o amor da minha vida e estou estudando para me tornar médica veterinária, ajudar os animais. Sem a dor eu poderia me dedicar mais aos estudos, à minha carreira, aproveitar mais momentos simples com a minha família, viajar com a minha filha e, no entanto, a realidade da minha condição hoje ela me impede de viver tudo isso”, disse ela à CNN.

“A decisão pela eutanásia foi a decisão mais difícil e, ao mesmo tempo, a mais clara para mim. Mesmo com o apoio da minha família, de todas as possibilidades de uma vida feliz, a dor constante transformou a minha vida num verdadeiro tormento. A cada dia, eu buscava encontrar sentido, encontrar esperança, mas a dor sempre estava lá, sem parar. Não é falta de amor pela vida ou pelas pessoas ao meu redor, é simplesmente um pedido por compaixão, por um fim digno, sabe?”, completou.