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'Não vi se era alto, só queria me salvar', diz mulher que se jogou do quinto andar de prédio de luxo em Salvador
Relato de Hilda Francine foi dado na manhã desta quinta-feira (13), ao programa Encontro, da TV Globo. Mulher contou que foi agredida diversas vezes pelo namorado, que está preso.
A mulher que se jogou do quinto andar de um prédio, em Salvador, contou que tomou a atitude após sofrer muitas agressões do namorado Igor Costa Campos. O relato aconteceu na manhã desta quinta-feira (13), no programa Encontro, da TV Globo.
"A única saída que tinha era a janela. Não vi se era alto, só queria me salvar", relatou Hilda Francine dos Santos.
Hilda Francine sofreu fraturas múltiplas no corpo e teve um corte em uma articulação da pelve. Apesar disso, ela recebeu alta médica no dia seguinte.
"Ele estava muito descontrolado, me deu banho de cerveja, sentou em cima da minha barriga, me dava socos no estômago e fumava as coisas dele e jogava na minha cara", contou a mulher.
O caso ocorreu no último domingo (9), em um condomínio de luxo, na Av. Luís Viana Filho (Paralela). Igor Costa Campos foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva na terça-feira (11). Ele nega ter cometido as agressões.
"Em nenhum momento ele tentou me ajudar e me deixou sair. Ele só dizia que queria me matar, pegava meu cabelo, fazia um nó e me jogava de um lado para o outro"
"Eu só clamava por Deus e ele me chamava de falsa samaritana. Eu falei que Deus ia mostrar quem sou e eu sou honrada".
Agressão começou após pedido de ajuda
Hilda Francine contou ao programa que começou a ser agredida após pedir para Igor Costa Campos levá-la no hospital. Grávida, ela percebeu que estava sangrando e acreditava que poderia perder o bebê.
"Ele se negou e começou a me agredir, porque estava sob efeito de drogas".
A mulher relatou que, durante as agressões, o suspeito ria, humilhava e xingava bastante.
"Ele falava: 'Você já está morta, entenda que você já está morta'. Tentei sair [do apartamento] várias vezes, mas ele me puxava pelo cabelo, dava cabeçada, socos, pontapés, mordidas, voadoras, me jogava e subia em cima de mim", lembrou, emocionada.
Após receber alta hospitalar, Hilda Francine ainda se recupera dos ferimentos. Ela não confirmou se continua grávida ou se perdeu o bebê.
"Não estou dormindo, tendo assistência médica, psicológica. Não tenho condições de fazer nada. Estou totalmente dependente dos outros".
O que diz o suspeito?
Durante o depoimento, Igor Costa Campos admitiu ter mordido a vítima e puxado os cabelos dela, mas negou as demais agressões. De acordo com a versão apresentada por ele, foi ela quem teve uma crise de ciúmes por conta de uma videochamada feita por ele dias antes.
Na ligação em questão, o homem estava acompanhado de outra garota, o que teria incomodado sua companheira.
Ele relatou que a mulher chegou no apartamento "transtornada" e "fazendo escândalo" ainda na sexta-feira (7) e que ela teria jogado coisas pelo apartamento. O suspeito também afirmou que a mulher sofre depressão e dizia que iria se matar, acrescentando que ela se jogou da janela quando ele teria dito que pretendia terminar a relação.
Quais as circunstâncias da queda?
A vítima relatou à Polícia Civil que começou a ser agredida na manhã de domingo (9), com Igor acusando-a de ter se relacionado com "conhecidos" dele. Mas à medida que a mulher negava, o suspeito reagia com agressões.
Foram chutes, murros e xingamentos, como "put*", "nojenta" e "falsa". Algumas frases reproduzidas no inquérito foram:
"Seu lixo! Você merece isso, sua vagabunda" e "Isso que você merece, sua put*, vagabunda. Acha que vai me enganar?".
A vítima contou que conseguiu se desvencilhar do homem em determinado momento. Foi aí que ela se trancou no quarto e "num ato de desespero, para não apanhar mais dele, se jogou da janela do apartamento".
A ocorrência foi registrada no início da tarde. Um homem que estava no prédio e depôs como testemunha disse que viu a vítima caída após ouvir um grito seguido de um estrondo. Ele foi o responsável por acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a polícia.O que aconteceu após a queda?
Uma fonte que acompanhou o resgate disse que a vítima caiu em cima de um elevado de madeira, que amorteceu a queda. Ainda não foi possível confirmar a altura da qual ela caiu.
Ensanguentada e com dores no corpo, a mulher se manteve consciente enquanto aguardava o socorro. Depois, a equipe de saúde a levou para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde ela permaneceu internada até receber alta médica, no fim da tarde de segunda (10).
Já o suspeito foi inicialmente contido por vizinhos. De acordo com depoimentos de outras testemunhas, quando a guarnição da 82ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/CAB-Paralela) chegou ao apartamento, ele estava agitado, falando palavras desconexas e dizendo que "não queria mais viver" diante da morte recente do pai.
O homem não ofereceu resistência à prisão, por isso os militares informaram que não foi preciso usar algemas para detê-lo.
Briga foi motivada por gravidez?
Informações iniciais repassadas por fontes da polícia à TV Bahia indicaram que o casal teria brigado após a vítima revelar que estava grávida. Mas os depoimentos registrados apontam que a gravidez já era de conhecimento dos dois — a descoberta foi em maio. Tanto a mulher quanto o suspeito afirmam que ele pediu um exame de DNA.
O conflito que antecedeu a briga estaria relacionado a uma crise de ciúmes. O suspeito acusava a vítima de traí-lo com "conhecidos". A mulher também teria se chateado após vê-lo ao lado de uma garota em uma videochamada gravada dias antes.
No depoimento, ela disse ainda que sofreu um escape de sangramento quando voltava de ônibus para Salvador, na última sexta-feira (7). Já o suspeito disse que ela o culpou por ter perdido o filho.
O g1 tenta contato com a jovem para apurar se ela ainda está grávida, mas não houve retorno.