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Adolescente que matou família relatou crime com tranquilidade e precisa passar por exame para determinar sanidade, diz delegado

Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16 anos, foram encontrados mortos no domingo (19). Polícia aprendeu celulares e computador. Adolescente que cometeu crime foi encaminhado para Fundação Casa.

Por g1 23/05/2024 10h10
Adolescente que matou família relatou crime com tranquilidade e precisa passar por exame para determinar sanidade, diz delegado
Adolescente de 16 anos mata pais e irmã a tiros dentro de casa na Zona Oeste de SP - Foto: Internet/Reprodução

O adolescente de 16 anos que confessou ter matado o pai, a mãe e a irmã dentro de casa, na Zona Oeste de São Paulo, relatou como cometeu os crimes contra a família com muita tranquilidade, o que chamou atenção da Polícia Civil.

Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16 anos, foram encontrados mortos na residência depois que o adolescente ligou para a PM confessando o crime na noite do último domingo (19).

"O estado anímico dele, quando foi efetivamente entrevistado, num primeiro momento, ele estava tranquilo. Então, ele acabou confessando o que houve. O remorso é uma questão bastante difícil de a gente estabelecer aqui. É difícil a gente imaginar que você matou os pais e teve tranquilidade para poder falar sobre isso aí. É um caso que sempre choca", afirmou o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação.

Ainda de acordo com o delegado, será necessário um exame para determinar a sanidade mental do adolescente.

"É preciso fazer um exame de rigidez mental? Sem dúvida. Para saber se o garoto estava em sã consciência porque nós também utilizamos o critério biológico para o menor de idade. Então, é um critério para política criminal. Leva-se em consideração o momento mental do adolescente, isso tudo tem que ser analisado, sem dúvida, com muita seriedade. O Ministério Público fará isso e vamos aguardar o laudo."

E complementou: "A solicitação do exame de rigidez é um incidente que a polícia pode até provocar. Não tem a necessidade de esperar os três anos de internação dele na Fundação Casa. Pode-se fazer o quanto antes, para saber o que podemos estipular com relação à penalização ou não de um adolescente que sofre de alguma coisa".

Como foi o crime

De acordo com o boletim de ocorrência, o adolescente ligou para a Polícia Militar na noite de domingo (19) e afirmou que matara os familiares usando a arma de fogo do pai, uma pistola 9 milímetros, e queria se entregar.

Os policiais foram até a casa da família, localizada na Rua Raimundo Nonato de Sá, e encontraram o adolescente. Ele disse que cometeu o crime na última sexta-feira (17) porque estava com raiva dos pais por eles terem tomado seu celular.

Segundo relatou à polícia, primeiro, ele pegou a arma de fogo do pai, que era da Guarda Civil Municipal de Jundiaí, e atirou contra o agente quando ele estava na cozinha e de costas, por volta das 13h.

A irmã, que estava no primeiro andar da casa, ouviu o disparo e gritou. O adolescente, então, foi até ela e atirou contra seu rosto. A jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Para a polícia, ele disse que não tinha problemas com a irmã, mas que atirou nela porque a jovem poderia impedi-lo de matar a mãe.

"Ele fala que deu um tiro na nuca do pai. Aí a irmã ouviu o disparo, e ele acessou o primeiro andar e efetuou um disparo no rosto da irmã. Aguardou a mãe chegar. A mãe chegou, e ele fez mais um disparo. Acertou a mãe. No dia seguinte, ele pegou a faca e esfaqueou a mãe porque ainda sentia raiva", afirmou o delegado, ao g1.

A mãe chegou ao imóvel por volta das 19h. O adolescente disse que abriu o portão da garagem para ela entrar e, após a vítima ver o corpo do marido na cozinha, ele a matou.

Sem arrependimento

Ainda de acordo com o delegado Roberto, o adolescente se surpreendeu ao saber pela polícia que seria apreendido. Contudo, não demonstrou arrependimento.

"Ele tomou um susto. Foi uma surpresa para ele a hora que soube que ele ia ser preso. Ele se espantou com isso. Então, a gente não sabe se ele estava fora de uma realidade com relação à apreensão, mas pode ser também que ele tenha levado em consideração: 'Como vou ser preso, se sou um adolescente'. Então, isso a gente também está analisando porque, lá na frente, isso faz uma diferença", afirmou ao g1.

Celulares e computador apreendidos

A polícia apreendeu os celulares do pai, da mãe, da irmã, além do aparelho do garoto e de seu computador. Vizinhos, amigos e familiares devem ser ouvidos nos próximos dias. A investigação apura se o adolescente agiu sozinho.

"A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento, não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora, sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação", completou o delegado.