Notícias

Milhões em conta de Jair Bolsonaro viram novo foco de investigação

Parte do dinheiro recebido pelo ex-presidente via Pix já saiu da conta dele. A Polícia Federal investiga as transações

Por Metrópoles 17/02/2024 10h10
Milhões em conta de Jair Bolsonaro viram novo foco de investigação
Ex-Presidente Bolasonaro - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A devassa feita pela Polícia Federal na conta bancária de Jair Bolsonaro
com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal, levou à abertura de uma nova e importante frente nas
investigações que envolvem o ex-presidente.

Ao mapear as transações dos últimos meses, os investigadores constataram que uma parte dos cerca de R$ 17 milhões que Bolsonaro recebeu de apoiadores via Pix no ano passado já saiu das contas dele.
Chamou a atenção o fato de o dinheiro, em boa medida, ter ido parar em contas de advogados do ex-presidente.

Essas transferências causaram estranhamento porque, teoricamente,
esses advogados estariam sendo pagos pelo PL — não haveria motivo,
portanto, para Jair Bolsonaro, na pessoa física, fazer pagamentos a
eles.

Como tem sido comum nas investigações que envolvem o ex-presidente,
nas quais a cada etapa surgem elementos que acabam levando a novas
suspeitas que precisam ser apuradas, agora há mais uma frente de
trabalho na PF com potencial de encrencá-lo.

As transações envolvendo os milhões arrecadados por Bolsonaro entre
apoiadores estão sendo minuciosamente mapeadas. A ideia é seguir o
caminho do dinheiro.

Uma das hipóteses de investigação envolve a possibilidade de os
valores terem sido transferidos a terceiros para, em seguida, voltarem
de outras maneiras para integrantes da família de Bolsonaro.

Nesse caso, a depender do que surgirá nas próximas etapas da
apuração, o ex-presidente pode até ser enquadrado por lavagem de
dinheiro.

Fortuna via Pix

Um relatório do Coaf enviado à CPI do 8 de Janeiro revelou que, entre janeiro e julho de 2023, Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões em transferências feitas por Pix.

O dinheiro, inicialmente, foi investido em fundos de renda fixa.
Parte dele saiu, tempos depois, da conta que Bolsonaro abriu em junho de
2020 no Banco do Brasil — essa mesma conta, por sinal, era gerenciada
pelo hoje notório tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, ajudante
de ordens do então presidente.

As doações em massa foram feitas depois que aliados, incluindo
ex-integrantes do governo, passaram a divulgar na internet uma vaquinha
cujo objetivo seria pagar multas aplicadas a Jair Bolsonaro pela
Justiça.

Na campanha, esses aliados fizeram circular entre apoiadores a chave
Pix do ex-presidente. Em pouco tempo, ele recebeu mais de 700 mil
depósitos.