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Bolsonaro interrompe general Heleno 'para não vazar' ação da Abin

O general se mostra receoso com o risco de um vazamento da ação

Por UOL 09/02/2024 15h03 - Atualizado em 09/02/2024 15h03
Bolsonaro interrompe general Heleno 'para não vazar' ação da Abin
Trecho da Reunião - Foto: Reprodução

Na reunião de 5 de julho de 2022 entre Jair Bolsonaro (PL) e os ministros de seu governo, cujo vídeo se tornou público hoje por decisão de Alexandre de Moraes, o ex-ministro general Augusto Heleno mencionou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) faria uma "infiltração" nas campanhas eleitorais de 2022.

O que aconteceu:

General Heleno começa a falar e é interrompido por Bolsonaro, que argumenta que a informação poderia "vazar". O então presidente pediu para que o assunto fosse tratado de forma reservada, e não na conversa que estava sendo gravada."General, peço para que não fale, não prossiga na sua observação", disse Bolsonaro. "Se a gente começa a falar para não vazar, vai vazar".

A gente conversa em particular, na nossa sala, sobre esse assunto, o que por ventura a Abin está fazendo.Jair Bolsonaro, em reunião ministerial.Segundo Heleno, a Abin teria como missão "acompanhar o que os dois lados estão fazendo". Portanto, a agência do governo federal seria usada contra a campanha do então candidato Lula, principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022.O general se mostra receoso com o risco de um vazamento da ação. Na conversa, o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) diz que havia conversado com "Victor, da Abin", em uma referência a Victor Felismino Carneiro, então diretor da agência.Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio e se houver qualquer acusação e infiltração desses elementos da Abin em qualquer dos ladosGeneral Augusto Heleno, em reunião ministerial"Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições", acrescentou o general. Ele prossegue afirmando que é preciso uma ação do governo antes de outubro.Acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas, isso para mim é muito claroGeneral Augusto Heleno, em reunião ministerial.