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Famílias de bairros vizinhos da área de mina com risco de colapsar em Maceió aguardam decisão final sobre realocação: 'Não durmo'
Justiça determinou retirada de 5 mil famílias de áreas afetadas pela mineração. Braskem diz que a Defesa Civil Municipal não recomenda realocação.
A Justiça Federal determinou na última quinta-feira (30) que 5 mil famílias sejam retiradas das áreas vizinhas ao bairro onde está localizada a mina da Braskem que pode afundar a qualquer momento. Enquanto aguardam por uma decisão final sobre o futuro deles nesses locais, os moradores passam dias e noites com medo de viver na região afetada pela mineração realizada durante décadas pela Braskem.
Moradora do Bebedouro há 32 anos, Luzia foi de forma voluntária para um abrigo provisório em uma escola pública, mas parte da família ficou no bairro, incluindo a filha com seis crianças pequenas. Ela conta que não consegue dormir pensando na situação dos parentes que ficaram no local, principalmente dos netos.
"Seis filhos pequenos. Tudo miudinho. Não pode nem correr. Um não pode nem ajudar o outro no braço. Eu fico pensando. Não durmo. Fico perdendo o sono por causa dos meninos, disse.
O afundamento do solo de Maceió começou em 2018 e foi provocado pela extração de sal-gema pela Braskem durante décadas. Desde então, a situação se agravou e afetou cinco bairros, forçando cerca de 60 mil famílias a deixarem suas casas.
Em nota, a Braskem informou que foi notificada da decisão da Justiça sobre a inclusão de mais um trecho na área de risco, mas afirmou que a Defesa Civil de Maceió não recomenda a desocupação imediata dos moradores por não haver risco às moradias nessas novas áreas de monitoramento.
Expedita mora no Bom Parto. A casa dela tem rachaduras por toda parte e está com o piso cedendo. Ela aguarda com medo enquanto não há outra decisão sobre sua moradia e a de seus vizinhos.
"No meu caso eu passo o dia aqui cozinhando e lavando a roupa, eu entro e só Jesus pra me segurar, porque não tem como sair, porque a qualquer momento essa casa desabar eu morro. Eles têm que tomar uma posição sobre a gente”, disse a dona de casa.
Conforme ja noticiado aqui no zona10, o mais recente boletim da Defesa Civil de Maceió, da noite de sábado (2), a velocidade do deslocamento de terra na área da mina diminuiu, mas a situação ainda é de alerta máximo. Desde o dia 28 de novembro, o solo da mina afundou 1,61 cm.
Uma das ações recomendadas para estabilizar o solo foi o preenchimento das 35 minas que a Braskem utilizava para extração de sal-gema. O processo estava sendo realizado desde 2019, mas a situação da mina de número 18, na área do antigo campo do CSA, no Mutange, se agravou no fim de novembro deste ano.
Mais de cinco tremores de terra ocorreram na região. Maceió está em alerta máximo devido à ameaça da mina colapsar.