Fábia Assumpção / Agência Alagoas
Desde que foi criada, em 2018, a
Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar de Alagoas vem se
destacando pelo olhar humanizado no atendimento de mulheres vítimas de
violência doméstica e familiar. A primeira no Brasil a funcionar 24
horas, a Patrulha tem vários motivos para se orgulhar de sua atuação: de
3.500 mulheres assistidas, desde sua criação, nenhuma delas foi vítima
de feminicídio.

O reconhecimento desse trabalho e dos resultados positivos no combate à
violência contra a mulher está sendo agora registrado em vídeo, com a
produção de um documentário pela produtora Mira Filmes, de São Paulo.
Pelas lentes das câmeras, o dia a dia das equipes Patrulha Maria da
Penha em Maceió vem sendo registrado pela equipe do documentário,
dirigido por André Pires Bomfim. O diferencial da equipe do documentário
é sua composição majoritariamente feminina, desde de o som (Juliana
Souza), direção de fotografia (Ana Júlia Santos), roteiro (Larissa
Kirata), produção (Reneah Berindelli, Sabrina Macedo e Laí Maciel) a sua
montagem (Carolina Alencar).

Formado em Audiovisual e radicado em São Paulo desde 2001, André é natural do
Rio Grande do Norte, mas morou em Jequié, considerada hoje uma das
cidades mais violentas do Brasil, e também em Salvador, na Bahia. Desde
2016, tinha planos de fazer um vídeo para falar sobre prevenção ao
assédio. Em 2018, começou então a pensar em fazer um vídeo sobre a
atuação de programas de prevenção à violência contra a Mulher e pensou
no Programa Ronda para Homens, projeto da Patrulha Maria da Penha, em
Salvador.

No momento de conceber a proposta, a própria
comandante da Patrulha da Penha em Salvador, tenente coronel Denise
Santiago. indicou a Patrulha Maria da Penha em Alagoas como a “melhor do
país”, em suas próprias palavras, o que mudou o rumo da equipe da Mira
Filme que aterrissou em Alagoas. "Nossa proposta era apresentar um
documentário, como no chamado jornalismo de soluções, uma questão social
e atentar para algo que tenha sido feito e dado resultados, para que
possa servir de referência em outros locais", explica André.

O plano é lançar oficialmente o documentário no dia 8
de março de 2024, Dia Internacional da Mulher, ou em Alagoas, para
iniciar a produção do documentário com foco na atuação da Patrulha Maria
da Penha que será também exibido em festivais de vídeo e cinema em todo
o país e possivelmente em plataformas de streaming.

Transversalidade no atendimento a mulher

A indicação da colega baiana e o reconhecimento do trabalho
da Patrulha em Alagoas, encheu de alegria a comandante da Patrulha em
Alagoas, tenente-coronel Danielli Assunção, à frente do comando da
unidade desde sua criação em 2018.

"Estava fazendo o Curso Superior de Polícia, quando houve esse
contato para a produção desse documentário, cujo foco era mostrar o
trabalho humanizado da Patrulha da Penha. Fomos indicados pela
tenente-coronel Denize, da Bahia, como sendo a melhor do país ",
comentou Danielli bastante emocionada.

Ela disse que a Patrulha alagoana se destaca por funcionar 24
horas, já que os casos de medida protetivas para mulheres ocorrem
principalmente à noite. Além do policiamento ostensivo, a atuação da
Patrulha Maria da Penha em Maceió tem focado no trabalho de prevenção,
envolvendo não só as mulheres, mas todo núcleo familiar como idosos,
crianças e até vizinhos, numa rede de apoio a todas às vítimas de
violência familiar.

A unidade em Maceió conta hoje com equipes mistas composta por 37
militares. “Todas as guarnições que fazem atendimento contam com pelo
menos uma mulher, para que as vítimas possam se sentir mais acolhidas",
explica a comandante da Patrulha.

De acordo com a tenente-coronel, que coordena as ações na
capital, o objetivo do Governo de Alagoas é ampliar o atendimento da
Patrulha Maria da Penha para outras cidades. "Hoje, além de Maceió, a
Patrulha Maria da Penha já está instalada em Penedo, Arapiraca e
Marechal Deodoro". Os municípios de Palmeira dos Índios, Santana do
Ipanema e Maragogi devem ser os próximos beneficiados pelo programa.

“Nós procuramos fazer hoje um trabalho em conjunto com outras
Secretarias, como a da Mulher, da Primeira Infância e da Assistência,
buscando essa transversalidade que é tão defendida pelo governador Paulo
Dantas”, diz Danielli.

Segundo ela, as fiscalizações têm sido decisivas na vida das assistidas, com acompanhamento muito atento e célere. “Com
esse nosso compromisso diário de fiscalizar as medidas protetivas de
urgência, temos conseguido um grande feito para a vida das nossas
alagoanas. Como resultado, nenhuma das nossas assistidas foi vítima de
feminicídio”, atesta a comandante da Patrulha.

Prestes a completar 30 anos de serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas,
ela espera que as novas gerações de oficiais mulheres da corporação
deem continuidade a esse legado de preservar a vida de mulheres vítimas
de violência.