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Estado quer R$ 35,8 bilhões de indenização por desastre da Braskem

Valor é baseado em estudo que calculou danos causados pelo afundamento do solo e rachaduras em imóveis de cinco bairros

Por Gazeta Web 03/10/2023 08h08 - Atualizado em 03/10/2023 15h03
Estado quer R$ 35,8 bilhões de indenização por desastre da Braskem
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O Estado de Alagoas contratou um estudo que calculou em R$ 35,8 bilhões
os danos causados pela Braskem na mineração de sal-gema. O valor deverá
ser negociado com a petroquímica e também será levado em conta pela
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), se for instalada no Senado
Federal, a pedido do senador Renan Calheiros (MDB).

O levantamento obtido pelo governo
mapeou as perdas de diferentes naturezas provocadas pelo afundamento do
solo e rachaduras nos imóveis em cinco bairros de Maceió.

A prefeitura da capital avançou nesta negociação e se adiantou ao fechar
um acordo de reparação ambiental com a empresa na ordem de R$ 1,7
bilhão, anunciado em 21 de julho deste ano.


O recurso, segundo o município, será destinado à realização de obras
estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores
(FAM), proposta que está sob a análise da Câmara de Vereadores.

Na semana passada, o município anunciou a compra do Hospital do Coração a
ser transformado, no primeiro semestre de 2024, em Hospital da Cidade.

A compra foi feita com dinheiro do
acordo com a petroquímica. Embora Maceió já tenha fechado o
entendimento, o senador Renan afirma que Estado e outros municípios no
entorno da capital também tiveram prejuízos relevantes com o incidente.
Representantes da Braskem e do governo estadual têm reunião marcada para
hoje, dando sequência às negociações sobre o assunto.

O Estado de Alagoas moveu uma ação civil pública contra a Braskem, em
busca de uma compensação por danos além daqueles já considerados pela
companhia, incluindo perdas fiscais. Inicialmente, pediu o bloqueio de
R$ 1 bilhão em recursos da empresa, que conseguiu reverter a decisão e
apresentou um seguro-garantia.

Até meados deste ano, a petroquímica já havia desembolsado R$ 8,2 bilhões
em diferentes ações e iniciativas relacionadas ao afundamento do solo e
tinha outros R$ 6 bilhões provisionados em balanço. Dessa forma, a conta
total com o problema geológico superava os R$ 14 bilhões.

Renan já conseguiu 45 assinaturas
(número regimentalmente necessário) para pedir a instalação da CPI da
Braskem. Segundo ele, o objetivo da comissão é fazer uma espécie de ‘due
diligence’ e ver onde esses recursos foram alocados pela Braskem, e se
realmente foram.

O pedido foi protocolado no mês passado e ainda precisa ser lido pelo presidente do
Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG) para que a comissão seja de
fato instalada. Em Plenário, Renan Calheiros justificou a abertura da
CPI por “falta de transparência” da Braskem. De acordo com o senador,
passados cinco anos do início da catástrofe ambiental, a reparação
integral dos danos pela mineradora estaria longe de se efetivar.

Na sua avaliação, a reparação integral dos danos socioambientais, adotando
medidas de mitigação, reparação, compensação e indenização — bem como a
garantia de recursos necessários para o seu cumprimento — não está
sendo feita pela Braskem.

OUTRO LADO

Em nota enviada à Gazeta, a Braskem afirma que, desde o início, tem
buscado o diálogo com as autoridades e vem implementando ações para
resolver o tema de forma definitiva, em conformidade com os acordos
assinados e amparada por dados técnicos. A Braskem também diz não ter
conhecimento do estudo mencionado.