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O cerco a Bolsonaro começa a se fechar

Sem anistia para golpistas, sem piedade

Por Blog do Noblat 11/01/2023 10h10 - Atualizado em 11/01/2023 11h11
O cerco a Bolsonaro começa a se fechar
. - Foto: Divulgação

Nunca antes na história do Brasil democrático um ministro da Justiça, ou ex-ministro, teve sua prisão decretada. Nunca antes um presidente fugiu do país para não passar a faixa ao seu sucessor. E nunca antes manifestantes invadiram ao mesmo tempo as sedes dos três Poderes da República, destruindo o que puderam.´


Está bom ou quer mais? Nunca antes o Exército forneceu abrigo a golpistas que pediam a anulação de eleições por discordarem dos seus resultados. Nunca antes portas de quartéis viraram incubadoras de terroristas, como bem observou recentemente o novo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA).


A pedido da Advocacia-Geral da União, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ordenou a prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Um dia depois de assumir a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres voou ao encontro de Bolsonaro em Orlando.


Antes de fazê-lo, demitiu ocupantes de cargos-chave da Secretaria e não nomeou seus substitutos. Dessa forma, a Secretaria estava acéfala no dia da tentativa do golpe insinuado há mais de ano pelo ex-presidente que se evadiu. Torres anunciou sua volta ao Brasil para não ter que entrar na lista dos procurados pela Interpol.


Quer ele colabore ou não com as investigações sobre o golpe, a memória do seu celular poderá ajudar a esclarecer muitas coisas. Por saber disso, ele antecipou que o celular foi clonado e que alguém em seu nome teria enviado mensagens. É a construção de um álibi para defender-se de possíveis acusações.


Bolsonaro já construiu o dele para desvincular-se da suspeita de que sabia do golpe. Dirá que condenou os bloqueios de estradas por caminhoneiros, a invasão por vândalos do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, e que estava fora do país quando isso aconteceu. Convincente?


Quanto à memória do seu celular… Uma vez, pediram ao Supremo a apreensão do celular de Bolsonaro. Ele revoltou-se, disse que jamais o entregaria, antes mesmo de o Supremo julgar o pedido improcedente. Mas à época, ele era o presidente. Agora, não é mais nada, e responde a quatro inquéritos no Supremo.