Uma pequena árvore de Natal, montada ao lado de uma barraca e junto aos recicláveis, chama a atenção de quem passa pela Avenida Getúlio Vargas, uma das mais movimentadas de Bauru (SP). A decoração é orgulho de um casal de catadores de recicláveis que mora no local há mais de 10 anos. As informações são do g1.

A moradia improvisada em um terreno de imóvel abandonado ganhou um toque de alento. A árvore de Simone Rodrigues, de 50 anos, e Luís Antônio da Silva, de 41 anos, é exemplo de que o Natal, muitas vezes desvirtuado pelo consumismo, ainda preserva na sua essência sentimentos genuínos.

O olhar para a árvore é como uma contemplação. Observar os enfeites remete a sentimentos profundos. A decoração que conforta a dura realidade passou a alimentar gestos de solidariedade e compaixão dos moradores da zona sul de Bauru que por ali passam.

O casal passou mais de uma década sem saber o que é montar uma árvore de Natal. Em 2022, o sonho foi restaurado, junto ao sentimento de esperança por uma vida melhor. À TV TEM, Simone contou que a árvore tem um significado muito maior, para além da decoração.

"Para mim, representa a união da família, o amor que meus amigos têm por mim, a confiança e a credibilidade que eles me dão. Nós achamos no lixo, mas ela é minha. Eu quero um pisca-pisca, acho chique. Enfim, ela é minha companheira, meu tudo. Se eu puder deixar o ano inteiro, vai ficar", ressalta Simone.

Como disse à TV TEM, foi o seu marido quem encontrou a árvore no lixo. Quando viu a decoração, Luís lembra que não hesitou em pegar para levar de presente a Simone. A intenção, segundo ele, era resgatar o espírito natalino.

"No dia-a-dia, essa árvore veio no meio do reciclável, e eu peguei. Apesar da nossa situação de rua, a gente tem o sentimento do nascimento de Jesus por conta do Natal, então a gente quer resgatar esse espírito", expõe Luís.

Os enfeites que o casal colocou embaixo da árvore são apenas a representação de presentes. Já os adereços que vão pendurados foram adquiridos com a ajuda de amigos, estabelecimentos vizinhos ou, até mesmo, comprados com o dinheiro fruto do trabalho deles como catadores.

"Meu marido sabe as coisas que eu gosto, ele trouxe com o maior carinho para mim. O que coloquei embaixo é para fazer de conta que são presentes, coloquei umas garrafas de água, pedras. Achei no lixo as sacolas e peguei em homenagem ao meu marido, que é corintiano. Do lixo para o luxo", afirma Simone.

Fonte: G1