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Alagoas: Surdos conciliam sobre guarda de filho com ajuda de intérprete

Audiência ocorreu em centro de conciliação do TJAL, com mediação da juíza Marcella Pontes e auxílio da intérprete Gilmara Farias

Por Redação* 13/08/2022 09h09
Alagoas: Surdos conciliam sobre guarda de filho com ajuda de intérprete
Audiência de conciliação - Foto: Reprodução

“A gente se sente bem quando vê que tem acessibilidade, é um alívio”, afirmou Davison Calisto, expressando-se na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Ele é surdo e resolveu um conflito com a ex-esposa, também surda, a respeito da guarda do filho de 13 anos, nesta terça-feira (9).

A conciliação ocorreu no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) que funciona junto ao Juizado da Mulher, com a mediação da conciliadora Ana Paula, homologação da juíza Marcella Pontes, e o auxílio da intérprete Gilmara Farias. Para viabilizar a audiência, a equipe multidisciplinar do Juizado da Mulher contatou a Central de Intérprete de Libras (CIL), da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), para garantir a presença de uma profissional.

Davison contou que esteve outras vezes na CIL para solicitar um intérprete, o qual é necessário para uma comunicação clara e eficiente. “É uma necessidade para nós, para o ambiente familiar, quando nos deparamos com momentos como esse. Então a acessibilidade é sempre importante. Quando a gente vem e tem intérprete, a comunicação flui, a Justiça fica clara e o nosso posicionamento também”, disse.

Gilmara Farias, intérprete de Libras e coordenadora da CIL, também enfatizou a importância da presença de um profissional nesse tipo de atividade. “Sem acessibilidade, sem a garantia da Libras atendendo as pessoas surdas, não tem como haver uma audiência clara, uma vez que a outra parte não vai estar ciente do que está sendo falado”.

A juíza Marcella Pontes afirmou que esse é mais um passo na inclusão social. “A gente conseguiu com que eles se sentissem confortáveis e aptos a demonstrar autonomia para celebrar um acordo de maneira consensual com apoio da equipe disciplinar, então a inclusão social nesse caso é ainda mais presente”, apontou.

A Casa da Mulher também atuou no processo, participando da visita domiciliar realizada na residência da família. “Se um conflito judicial já é difícil para os ouvintes, imagine para os surdos", comentou Salete Beltrão, coordenadora da equipe técnica da Casa da Mulher.

*Com Dicom TJAL