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Menina de 5 anos morre durante ritual de cura que a família procurou para acabar com uma tosse persistente

Álcool com ervas foi colocado no cabelo, ombro, mãos e pés da garota, e vela ficou próxima

28/04/2022 08h08 - Atualizado em 28/04/2022 08h08
Menina de 5 anos morre durante ritual de cura que a família procurou para acabar com uma tosse persistente
Maria Fernanda de Camargo, 5, morreu após ritual em Frutal, em Minas Gerais - Foto: Reprodução

Uma tosse persistente foi o que fez a mãe, tia e avós maternos de Maria Fernanda de Camargo, 5, procurarem um líder espiritual para realizar um ritual de cura que terminou com uma menina queimada e morta em Frutal, em Minas Gerais. É o que afirma o advogado José Rodrigo Almeida, que faz a defesa da família da criança.

Maria Fernanda morreu no dia 24 de março após ter 100% do corpo queimado em ritual religioso na cidade do triângulo mineiro.

Os quatro familiares da menina e o líder espiritual, como a polícia se referiu a Bruno Santos Fernandes, estão presos desde a última quarta-feira (20). A reconstituição do crime, que está sendo tratado pela Polícia Civil como homicídio doloso, deve ocorrer nos próximos dias.

A defesa de Fernandes diz que ele se define como médium espírita umbanda.

Segundo Almeida, a família diz que a morte da criança foi um acidente. Após a garota apresentar gripe e tosse que persistia mesmo após tratamento médico, a avó da criança, "que é benzedeira simpatizante de umbanda", diz o advogado, sugeriu que a menina passasse por um ritual de cura. O líder espiritual que conduziu o ritual costumava buscar ervas com a idosa, diz Almeida.

Ainda segundo Almeida, o ritual foi realizado na casa dos avós da criança. Durante o trabalho, o líder espiritual pegou um álcool com ervas medicinais que a avó da criança tinha em casa para benzer a menina.

O líquido teria sido colocado nos cabelos, ombros, mãos e pés de Maria Fernanda. Em determinado momento, ao passar uma vela perto do corpo da menina, o fogo teria se alastrado.

"Foi tudo muito rápido. A família não sabe precisar em qual parte do corpo da criança as chamas começaram a surgir. Foram momentos de desespero. Ao verem a menina em chamas, eles tentaram apagar o fogo e também tiveram queimaduras", diz Almeida. Os familiares apagaram as chamas usando tapetes e levaram Maria Fernanda ao hospital da cidade.

Maria Fernanda morreu na manhã do dia seguinte, algumas horas após ser transferida para um Hospital de São José do Rio Preto, cidade a 112 km.

"Ninguém queria matar a criança, foi um acidente. A família está sofrendo com a perda, foi um deslize, mas nunca houve intenção", afirma o advogado.

Um pedido de prisão domiciliar para o avô da menina, de 71 anos, será protocolado nesta quarta (27). O advogado diz que o idoso tem problemas de saúde como diabetes e hipertensão.

A mãe, a avó e a tia da menina estão presas em uma cadeia feminina de Uberlândia. O líder religioso está em uma cadeia da região.