Uma tempestade no início deste sábado (02/04), na Costa Verde fluminense, derrubou várias casas em Paraty e devastou centenas de famílias. A família Campo, que morreu quase inteira, é uma das vítimas dessa fatídica tragédia. O morro deslizou atrás do cômodo de pau a pique onde a família morava e a mãe e sete filhos foram soterrados. O único sobrevivente foi um garoto de 12 anos, que está internado em estado gravíssimo.

Analfabeta, Lucimar era mãe solteira e trabalhava fazendo bicos de faxina, pesca e diária em restaurantes, para sustentar as crianças. A casa que Lucimar morava com os filhos era feita de apenas quatro paredes e uma lona. No primeiro espaço a família dormia e no segundo, ao ar livre, ficava o fogão à lenha. O mato ao lado era usado como banheiro. A vila tinha cerca de 50 casas, e sete das cercas foram destruídas. Mas a cerca próxima a casa da família Campo foi a única que deixou vítimas fatais. Outras 12 morreram e 4 estão desaparecidas em Angra dos Reis desde quinta (31).

Segundo informações do amigo e parente distante Adenício dos Remédios, conhecido como Teteco, o filho que sobreviveu apresentou arritmia e sofreu uma parada cardiorrespiratória, revertida pela equipe médica. O garoto, que segue acompanhado do pai, passou por uma cirurgia e agora está na UTI, respirando por ventilação mecânica.

"Crescemos todos juntos. Ela era muito raçuda, não largava os filhos. Completava a renda com programas de assistência social, como o Bolsa Família, e doações. Há alguns meses, conseguiu começar a tirar uma quantia como condutora ambiental local depois de fazer um curso do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), guiando turistas por seis horas de trilha até a cachoeira do Saco Bravo. Isso foi lindo”, contou Teteco.

Segundo informações divulgadas pela Prefeitura de Paraty, em toda a cidade foram contabilizadas 127 pessoas abrigadas em escolas municipais e outras 400 desalojadas, que perderam tudo. No total, 3.651 casas foram danificadas por alagamentos e 76 foram destruídas. Além da família morta, dez ficaram feridos. Em Angra, 314 pessoas estão abrigadas nos 38 pontos de apoio criados.


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