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Recém nascida é resgatada em situação de abandono após horas chorando

Ao chegar no local, a Rocam encontrou o ambiente sujo e mamadeira estragada

19/03/2022 07h07
Recém nascida é resgatada em situação de abandono após horas chorando
. - Foto: Reprodução

A guarnição da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) realizava uma incursão na comunidade Muruim, área rural de São Bento, na última terça-feira (15) quando foi acionada por populares. Cidadãos informaram sobre um possível caso de abandono de incapaz. Ao se aproximar do local apontado, já era possível ouvir um forte choro de criança.

Repetidas vezes, os militares chamaram e bateram à porta do imóvel. Como não houve resposta e o choro persistia, realizaram a entrada. A casa estava aberta, não havia adultos no interior, apenas um recém-nascido, uma menina que aparentava ter menos de dois meses de vida. Na casa, foi encontrado também um aparelho celular. O cenário era insalubre, com sujeira, umidade e o bebê estava deitado na cama.

Uma das imagens mostra um militar alimentando a criança, que está em seus braços. Este policial é o soldado Jorge Lima. O combatente, que é pai de uma adolescente, relatou que na chegada percebeu que a criança já estava sozinha há bastante tempo. “O choro era insistente. Minha vontade era correr e pegar a criança, mas precisávamos ser prudentes e agir dentro dos padrões de segurança. Realizamos a entrada tática fazendo a varredura em todos cômodos”, lembra.

“Na chegada ao quarto, quando peguei a criança, dei a chupeta para acalmá-la e notei que ela sugava com muita força. Entendi que ela estava com muita fome. Encontramos uma mamadeira, mas estava estragada. Lavamos, pedimos leite a uma vizinha, preparamos uma nova e alimentamos. A bebê esvaziou a mamadeira bem rápido!”, conta o soldado Jorge emocionado. Ele diz ainda que a fralda da menina estava muito suja. Com a ajuda do companheiro de guarnição, que é pai de uma filha pequena, trocou a fralda. “Alimentada e limpa, ela parou de chorar e adormeceu nos meus braços”, conta.

Passado o episódio, o militar confessa que não teve como conter a emoção. “Nessas horas, o policial não deixa de existir, mas o ser humano, o pai, fica sensibilizado. A situação de abandono foi de partir o coração. E todos nós ficamos tocados diante do absurdo que é ver um filho nessa situação. Com apoio da Supervisão do Batalhão, acionamos o Conselho Tutelar e encaminhamos a criança à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”.

Acionado para prestar apoio na ação com a guarnição de Supervisão, o Tenente Murilo Gonçalves também comentou o caso: “A peculiaridade dessa ocorrência foi impactante para nós militares, sobretudo para aqueles que são pais. É impossível não se envolver emocionalmente. O mais impressionante foi perceber que a criança parecia sentir que estávamos ali para ajudar, tanto que parou de chorar e se sentiu confortável no nosso colo”, descreve o oficial.

Os responsáveis não foram localizados e Conselho informou que a menina seria encaminhada a uma casa de acolhimento. “O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil. Se alguém tiver informação sobre o paradeiro dos responsáveis pela menor, pode informar por meio do Disque-denúncia ligando de forma gratuita e anônima para o número 181”, finaliza o Tenente Gonçalves.