De acordo com pesquisadores japoneses, o subtipo BA.2 da Ômicron é mais grave e mais infeccioso do que a primeira linhagem da variante. Com base nessas descobertas, os cientistas sugerem que a subvariante seja reconhecida como uma cepa única de preocupação.

Publicado na última segunda (14/2) na plataforma BioRxiv, o estudo indica que a sublinhagem vai se espalhar pelo mundo de maneira ainda mais fácil que a Ômicron original, representando um risco maior para a saúde global. A publicação é um pré-impressão e ainda precisa ser revisada por pares.

Usando dados epidemiológicos de vários países, os cientistas das universidades de Tóquio, Kumamoto, Hokkaido e Kyoto afirmam que a velocidade de reprodução da BA.2 é 1,4 vez maior que a verificada para a primeira linhagem da Ômicron.

Quando comparada à versão original, a BA.1 apresenta mais de 50 diferenças na estrutura viral. Essa quantidade é quase o dobro das mutações que existiam entre a Delta e a primeira forma de coronavírus.

De acordo com a análise, a BA.1 provavelmente surgiu antes dos outros suptipos da Ômicron. Além disso, baseando-se nos resultados, os pesquisadores sugerem que a diversificação da Ômicron ocorreu na província de Gauteng, na África do Sul.

Embora BA.1 tenha se espalhado mundialmente antes, a frequência da linhagem BA.2 aumentou e ultrapassou a subvariante original em vários países, como Filipinas, Índia, Dinamarca, Cingapura, Áustria e África do Sul.

Resistência imunológica

Uma das mutações do subtipo é justamente na proteína Spike, responsável pela entrada do coronavírus nas células humanas. Essa mudança pode gerar alterações no contágio e na resistência imunológica. Para revelar as características de BA.2, os profissionais realizaram um ensaio clínico com formas do vírus e anticorpos gerados pela vacinação.

Assim como a linhagem original, a BA.2 também foi altamente resistente à proteção induzida pelas vacinas. Além disso, os dois tipos da Ômicron foram bastante resistentes aos anticorpos gerados pela infecção da Delta e da Alfa.

“Esses dados sugerem que, semelhante ao BA.1, o BA.2 é altamente resistente aos anti-soros induzidos pela vacinação e infecção com outras variantes do Sars-CoV-2”, afirma o estudo.

Manifestação da doença

Para investigar a dinâmica da replicação viral de BA.2 em organismos vivos, os pesquisadores conduziram experimentos de infecção em hamsters. Eles analisaram que os infectados com a subvariante BA.2 ficaram mais magros e com mais distúrbios respiratórios que os que pegaram a BA.1, indicando que a nova linhagem é mais patogênica.

No primeiro dia depois da infecção, a quantidade de vírus BA.2 nos pulmões dos hamsters foi 9,3 vezes maior, em comparação com os pulmões dos animais infectados com a forma original.

Após três dias de contato com o coronavírus, a linhagem inicial da Ômicron atingiu o seu ápice e tinha uma quantidade 5,4 vezes maior que o novo subtipo. Entretanto, no quinto dia de infecção, proteínas do vírus quase desapareceram nos pulmões infectados com BA.1, enquanto eles seguiam presentes quando a infecção foi provocada pela BA.2

Fonte: Gazetaweb