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Família em Maceió denuncia violência policial dentro de apartamento: "Colocaram cabo de vassoura na minha boca"

Mulher denunciou que foi agredida pelos PMs, e o irmão dela disse que foi acordado com uma arma na cabeça

15/02/2022 20h08
Família em Maceió denuncia violência policial dentro de apartamento: 'Colocaram cabo de vassoura na minha boca'
Família gravou em vídeo que objetos e roupas ficaram revirados após a saída dos policiais - Foto: REPRODUÇÃO

Mais um caso de violência policial é denunciado por uma família de Maceió. Desta vez, a denúncia é de invasão a um apartamento, localizado no Benedito Bentes, sem mandado judicial, por parte de policiais, que teriam deixado o imóvel todo revirado. Dois irmãos dizem que foram agredidos. Uma mulher chegou a afirmar que os policiais colocaram um cabo de vassoura na boca dela e o irmão disse que foi acordado com a arma na cabeça dele.

Imagens feitas pelos moradores mostram roupas jogadas pelo chão. Segundo os denunciantes - uma mulher e o irmão dela -, os policiais queriam informações de pessoas que ninguém da residência conhece.

"Eles queriam que eu desse conta de umas pessoas que eles estavam com fotos e vídeos e eu disse que não conhecia essas pessoas. E tudo que eu falei para eles que não conhecia, eles me agrediram, bateram em mim, botaram o cabo de vassoura na minha boca, deram um murro no meu estômago e eu dizendo que não sabia. Tudo isso eles também queriam que eu desse conta de drogas e armas sem eu ter", disse a mulher.

Um adolescente de 14 anos, morador do imóvel, em entrevista à TV Gazeta, afirmou que ele foi agredido pelo policial durante a abordagem e que a polícia estaria sem mandado judicial.

"Eles deram na minha cara e queriam que eu desse conta de uma pessoa que eu não sei. Aí cada vez que eu dizia que não conhecia, ele dava mais. Quando eu estava dormindo, eu já acordei com a arma na minha cara", relata o adolescente.

A família afirma que participaram das agressões ao adolescente quatro policiais e que eles só terminaram de agredi-lo quando a mãe chegou ao apartamento.

"Eu queria assim, que eles parassem de tá entrando na casa das pessoas. Fossem nas pessoas certas, que eles procuram. Deixassem pai de família e mãe de família de mão e eles não chegassem batendo nos filhos das pessoas. E meu filho só tem 14 anos. Eu não tenho reclamação do meu filho de nada. Em escola, de jeito nenhum, em canto nenhum", expõe a mãe.

Em informação cedida à TV Gazeta, o Conselho Tutelar da região afirmou que esse não é um caso isolado na região e que o órgão já recebeu outras denúncias de moradores que se sentem intimidados pelas ações de policiais, consideradas violentas. O Conselho Tutelar ainda afirmou que moradores já chegaram a se mudar de localidade por medo.

O Ministério Público Estadual já está ciente do caso e disse, através da promotora Karla Padilha, que vai cobrar explicações ao Comando da Polícia Militar sobre o ocorrido. Afirmou ainda ser possível a abertura de inquérito policial para apurar a situação. “A gente sabe que ser policial é uma atividade eminentemente estressante, com confronto e violência, mas é preciso que se faça uma separação do que é legal e do que extrapola [da legalidade]”, diz a promotora.

MPE aponta 500 procedimentos abertos na Corregedoria da PM sobre desvio de condutas de policiais

Em meio a casos de denúncias de violência policial em Alagoas, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) apontou que existem atualmente, na Corregedoria da Polícia Militar (PM), mais de 500 procedimentos abertos para investigar desvios de condutas de policiais da corporação. As informações foram repassadas à TV Gazeta.

Ainda segundo o MP/AL, mais 500 procedimentos estão sendo aguardados para abertura oficial das apurações.

Um dos casos abertos recentemente é o do gari Walquides Santos da Silva, 26, que não só a Corregedoria da PM está apurando, como já há um inquérito policial instaurado por uma comissão de delegados. Segundo informações da família, Walquides teria ido para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, ao retornar de noite para casa, se deparou com uma abordagem truculenta da polícia. Ao ouvir disparos, teria tentado fugir. Já a versão da polícia é de que Walquides estaria traficando drogas. Ele foi preso em flagrante por tráfico de entorpecentes e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE) para tratar os ferimentos provocados pelos disparos.

Enquanto esteve internado, Walquides cumpriu medidas restritivas, das quais, a família só podia visitá-lo sobre autorização judicial. No entanto, a Justiça determinou a soltura e eles responderá o processo em liberdade.

Outro caso recente, que agora está sendo acompanhado pelo Ministério Público, é o de Anderson Thiago, de Fernão Velho. Ele conta que voltava da casa na namorada quando foi abordado pelos militares. "Eles me abordaram e encostaram a viatura na minha moto para eu cair em cima das pedras da linha do trem. Sem perguntar nada, já foram me agredindo, foram dando no meu rosto, quebraram meu telefone e arrancaram todos os chips do meu cartão", expõe o entregador.

Fonte: Gazetaweb