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TEATRO DEODORO CELEBRA 111 ANOS COM VASTA PROGRAMAÇÃO DE 15 A 21 DESTE MÊS
Público poderá prestigiar espetáculos, feiras, oficinas, entre outras atrações, de diversas linguagens artísticas; a maior parte dos eventos é gratuita
No início do século XX, mais precisamente em 15 de novembro de 1910, Maceió avançava significativamente em sua arte e cultura ao receber o teatro que se tornaria um dos mais importantes do Brasil: o Deodoro. No Centro, coração da capital alagoana, o prédio, em plena atividade, chama a atenção por sua beleza, imponência, grandiosidade e representatividade artística, cultural, histórica e arquitetônica.
“Uma casa repleta de emoções, tem muita magia e encanto. Não é só a questão arquitetônica, no palco italiano, mas de tudo que essa casa descerra de emoções nessas paredes e de história”, observa a bailarina, mestra em balé, Eliana Cavalcanti.
Ao chegar à Praça Deodoro, o prédio se destaca e encanta a cada olhar pela riqueza de detalhes. Do lado de fora, vem a admiração pela arquitetura; na parte superior do edifício, existem atributos das artes, pequenos templos, estátuas representando a história, a filosofia, a deusa, a música. No topo, a imagem de Apollo, uma das principais divindades da mitologia greco-romana. A fachada, que praticamente carrega um palco com seus apetrechos, é um espetáculo.
“Essa é a casa dos sonhos, onde tudo é possível, no processo imaginário e criativo, um compartilhamento, o ser humano não pode viver sem a arte, é impossível. Ele as criou, alimenta a arte e é alimentado por ela. Essa casa significa tudo pra mim profissionalmente”, revelou o ator Chico de Assis, sobre o Deodoro.
Dentro da sala de apresentações, as pinturas no teto, o luxo do lustre, o vermelho da cortina, os detalhes das frisas são de encher os olhos. No salão nobre, a decoração, feita por Oreste Sercelli, e os móveis antigos atraem os visitantes. No foyer, várias placas eternizam grandes nomes recebidos e momentos vividos aqui. O café, que homenageia Linda Mascarenhas, maior referência do teatro alagoano, é mais um ponto de encontro repleto de charme e magia.
“Esse palco do teatro Deodoro é a minha casa, minha vida, meu andar, tudo tem uma parte desse teatro. Aqui, eu tenho pessoas amigas, aqui mora o meu coração”, declarou o músico, patrimônio vivo de Alagoas, Chau do Pife.
O lugar guarda muitos e importantes capítulos da história, não só da arte e da cultura, como também da sociedade alagoana. O Teatro Deodoro, palco administrado pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), possui, ainda, dois anexos: o Teatro de Arena Sérgio Cardoso e o Complexo Cultural Teatro Deodoro.
“Essa casa tem uma possibilidade, ela abrigou não apenas espetáculos de teatro, de dança… tem uma história voltada também para a construção da cidadania”, afirmou o ator e professor, Otávio Cabral.
O nome Deodoro tem origem no nome grego Theódoros, formado pela junção das palavras théos, que significa “Deus” e dôron, que quer dizer “dom” ou “dádiva”. Ou seja, dávida de Deus. E é isso que esse espaço representa. Muito mais do que um cartão postal. Entre os artistas, este teatro é um lugar sagrado, um templo, um senhor, uma divindade. Para o público, emoção, alegria, reflexão, aprendizado. Para o Estado de Alagoas, um patrimônio cultural, devidamente reconhecido. A casa, que é referência entre os teatros históricos do Brasil e do mundo, chega a mais um marco: 111 anos de existência.
“É sempre uma grande emoção celebrar o aniversário de 111 anos do Teatro Deodoro. Depois de tudo que passamos com a pandemia, a emoção é ainda maior. O Teatro Deodoro é um lugar simbólico em vários aspectos para Alagoas. Este ano, temos a imensa alegria de convidar a comunidade artística e o público para uma comemoração presencial, com a nossa produção cultural e os cuidados necessários que o momento exige”, afirmou a diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf.
A programação, que comemora os 111 anos da casa, vai de 15 a 21 deste mês com espetáculos de teatro, dança e música, oficinas, feiras, exposições, lançamento de documentário, entre outras atividades, na Praça Deodoro, no palco e no Complexo Cultural Teatro Deodoro (confira a programação completa abaixo). O evento conta com a co-realização do Tribunal de Justiça de Alagoas.
“Celebrar os 111 anos de fundação do nosso Teatro Deodoro, através de uma programação diversa, agregadora e representativa, reunindo tantos artistas e estilos, democraticamente, fortalece a todos, e reitera o compromisso da Diteal em conduzir, por meio de ações concretas, em busca de sua missão maior, o fomento das artes e a determinação de colocá-las em cena permanentemente”, pontuou o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda.
Sobre o teatro:
O Teatro Deodoro foi construído após o clamor da sociedade para materializar o sonho do progresso artístico vivido pela população e os governantes de Alagoas. No dia 11 de junho de 1905, era lançada sua pedra fundamental, à época no Largo da Contiguiba, também conhecido como Largo das Princesas, hoje, a Praça Deodoro, no Centro de Maceió.
A obra, projetada pelo arquiteto Luigi Lucarini e tocada pelo mestre de obras Antônio Barreiros Filho, foi concluída em 15 de novembro de 1910, marcando os festejos de 21 anos da proclamação da República. A peça escolhida para essa data foi “O dote”, de Arthur Azevedo e, em seguida, o monólogo “Um beijo”, do alagoano J. Brito, encenado pela atriz de renome nacional Lucila Peres.
Em 1914, o Deodoro sofreu com a chegada do cinema, bem como outros teatros do país, sendo arrendado a uma firma comercial e transformado em cinema. Diante da reação dos alagoanos, não demorou a voltar à sua finalidade inicial.
A primeira reforma aconteceu em 1933, ficando fechado até meados de 1934. A ópera “A Toscana”, pela Companhia Lírica Italiana, marcou o reinício das atividades. Entre os anos de 1937 e 1939, foi transformado em depósito. Reincorporado ao patrimônio do Estado, em 1940, voltou às suas verdadeiras funções. Em 2008, foi reconhecido patrimônio cultural de Alagoas.
Em mais de um século, o Deodoro recebeu atores, diretores, companhias teatrais e grandes nomes da música popular e erudita. Entre eles, Itália Fausta, Cia. Lírica Italiana, Bidu Sayão, Procópio Ferreira, Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, Companhia Eva Tudor, Rodolfo Mayer, Bibi Ferreira, Paschoal Carlos Magno, Fernanda Montenegro, Amir Haddad, Christiane Torloni, Clarice Niskier, Rosana Stavis, Marcos Damaceno, além de Caetano Veloso, Gal Costa, Egberto Gismonti, Arthur Moreira Lima, Djavan, Duofel, entre outros.
Entre os artistas locais, o palco já recebeu nomes do teatro, como Linda Mascarenhas, Pedro Onofre, Ronaldo de Andrade, Homero Cavalcante, José Márcio Passos, Otávio Cabral, Ivana Isa, Waneska Pimentel e Diva Gonçalves; grupos como a ATA, Cena Livre, Cia Nega Fulô e Joana Gajuru; companhias de balé, a exemplo da Maria Emília Clark, Eliana Cavalcanti, Emília Vasconcelos; artistas da música como Leureny Barbosa, Wilma Miranda, Wilma Araújo, Zailton Sarmento, Ibys Maceioh, além de grupos como Clube do Jazz de Maceió, Camerata Ero Dictus, Coretfal, Corufal, Orquestras Sinfônica e Filarmônica de Alagoas.
O principal projeto da casa e um dos mais tradicionais de Alagoas, o Teatro Deodoro é o Maior Barato, abre edital anualmente para selecionar espetáculos de artes cênicas (teatro, dança e circo) e de música (popular e erudita), como forma de incentivar e valorizar a produção artística-cultural alagoana, democratizando o palco oficial do estado. Em sua 21ª edição, o projeto terá 15 apresentações, que seriam em 2020, mas foram adiadas para 2022, por causa da pandemia da Covid-19. Neste mesmo ano, deve ocorrer também a 22ª edição.
Celebração dos 111 anos
O aniversário da casa é sempre motivo de comemoração. Em 2020, a festa foi virtual, mas em 2021, a celebração será presencial. A Diteal também preparou para esta data tão importante uma estreia virtual: um documentário, que traz relatos emocionantes de artistas, conta um pouco da história da casa, fala da arquitetura e revela a trajetória de funcionários antigos do teatro. O vídeo será lançado na abertura da programação e ficará disponível no canal do Teatro Deodoro no Youtube, a partir do dia 15 de novembro.
Vamos, então, à tão sonhada e esperada programação presencial? Confira as atrações abaixo:
Palco do Teatro Deodoro:
Segunda-feira, dia 15 de novembro: às 19h, lançamento do documentário Teatro Deodoro: 111 anos, e, às 20h, Clube do Jazz Maceió e o convidado especial Nelson Faria. Show de abertura com Bárbara Castelões. Entrada gratuita.
Terça-feira, dia 16 de novembro: às 17h, Espetáculo Beleza, Cheguei Agora!, CIA Lacasa, na Praça Deodoro; às 19h, Monólogo Manifesto – No Peito da Maldade, Coração não Bate, com Silvio Leal, em homenagem a Acioli Filho, poema de Ricardo Guima, no foyer do Teatro Deodoro; e, às 20h, “O Que Quer Uma Mulher”, CIA Nega Fulô, no Teatro Deodoro. Entrada gratuita.
Quarta-feira, dia 17 de novembro, às 20h: Coisa de Preto – Um concerto à brasileira com Diogo Oliveira (voz), Rafael Simonaci (piano), Wilson Santos (percussão) e direção de Carlos Alberto Barros, às 20h, no Teatro Deodoro. Ingresso: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).
Quinta-feira, dia 18 de novembro, às 20h: “SAVIUM”, CIA Maria Emília Clark, em homenagem ao antropólogo e dramaturgo, Sávio de Almeida, no Teatro Deodoro. Entrada gratuita.
Sexta-feira, dia 19 de novembro, às 20h: “Sururu Music, A Arte do Encontro” com Fernando Nunes e os convidados Júnior Almeida; Lore B; Negra Cinthia; Natan Oliveira; Fernanda Guimarães; Pedro Salvador; Wado; Desa Pauline; Vitor Pirralho; Martha Brandão e Chau do Pife. Entrada gratuita.
Sábado, dia 20 de novembro, às 19h: “Prêmio Mestre Zumba de Fomento a Cultura Negra Alagoana” com a Orquestra de Tambores de Alagoas e convidados.
Domingo, dia 21 de novembro, às 20h: O Tempo Não Destrói os Talentos…Aperfeiçoa! – Show com as divas Wilma Miranda, Leureny Barbosa, Selma Britto e dona Jandira. Ingresso – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).
Praça Deodoro, Complexo Cultural Teatro Deodoro e Teatro de Arena Sérgio Cardoso:
Quarta e quinta-feira, dias 17 e 18 de novembro: 1ª Favela Parque Edição Especial de Aniversário do Teatro Deodoro, da Rede Criativa de Empreendedores das Favelas e Territórios da Cultura de Alagoas, das 9h às 20h: Feira com negócios criativos das Favelas de Alagoas que envolve exposição de produtos, espaço para crianças e apresentações artísticas.
Sexta e sábado, dias 19 e 20 de novembro: “I Virada Cultural Preta Grito dos Palmares”, das 9h às 20h – Palco, tendas, barracas e sinalização com personalidades negras de Alagoas, para apresentações com grupos afropercussivos, apresentação de grupos de dança, literatura, palestras, desfile de moda, roda de copeira, hip hop, artes visuais, artesanato, gastronomia e performances com diversas linguagens culturais centradas no protagonismo preto.
Fonte: Diteal/Hannah Copertino