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Amantes do jazz se reúnem no Teatro Deodoro em duas noites de celebração à música

rograma Jazz Panorama ao Vivo retomou as atividades nos dias 12 e 13/10/2021

Por Assessoria Diteal 19/10/2021 12h12
Amantes do jazz se reúnem no Teatro Deodoro em duas noites de celebração à música
Projeto volta aos palcos após 1 e 10 meses parado - Foto: Arquivo Pessoal

Um ano e dez meses, esse foi o tempo de espera para ter de volta aos palcos uma verdadeira celebração da música instrumental alagoana. O Jazz Panorama ao Vivo, parceria entre o Clube do Jazz de Maceió, programa Jazz Panorama da Rádio Educativa FM de Alagoas, por meio do jazzófilo Juan Maurer, e a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), retornou aos palcos com duas apresentações, nos dias 12 e 13, saciando a sede de boa música para quase 600 pessoas no palco oficial de Alagoas, o Teatro Deodoro.

Foram necessários apenas dois ensaios para que o “mestre” por trás do Clube do Jazz de Maceió e companhia fizessem a alma da música instrumental percorrer os quatro cantos do Complexo Cultural do Teatro Deodoro. E para esse retorno, foram escolhidos dois convidados que são verdadeiras lendas do saxofone: Derico Scioti, que por 28 anos integrou o sexteto do programa Jô Soares, sem contar as diversas parcerias com músicos de renome mundial, e Marcelo Martins, que acompanha ninguém menos do que Djavan, além parceria também com nomes como Ivan Lins, para citar apenas esses dois.

O nervosismo e a euforia por estar de volta eram nítidos no semblante tanto dos músicos, quanto na plateia, marcados pelos sorrisos estampados, com a certeza de que veriam um espetáculo que aliviaria boa parte da saudade desses quase dois anos de espera, e eles não poderiam estar mais certos. A noite começou sendo apresentada pela voz do Jazz Panorama, Juan Maurer, que em seu lugar de honra no palco, em ambas as noites, saudando de forma sublime os presentes, além da apresentação das canções e dos convidados.

Foto: Paulo Canuto


“Foi uma satisfação imensa, porque estávamos com fome de música. Estávamos fazendo muitos shows por ano, já tínhamos uma apresentação marcada, tudo ia maravilhosamente bem, veio essa “danada” dessa pandemia e “colocou água na fervura de todo mundo”. Mas, agora, estamos de volta e vamos continuar, já temos outro show programado para novembro. Tivemos convidados maravilhosos, tanto o Derico (Scioti), quanto o Marcelo (Martins) e essa músicas que eles fazem com arranjos lindos, uma coisa espetacular”, destaca Juan Maurer.

Falando em convidados, na primeira noite tivemos dois nomes muito conhecidos no cenário alagoano, o cantor Bruno Berle e a cantora Flora, que fizeram apresentações separadas, com músicas próprias e depois voltaram ao palco para um dueto, ovacionado pela plateia.


Derico Scioti


Após a belíssima apresentação da dupla, Juan Maurer tomou novamente para si a voz e anunciou o convidado da noite. Pincelando para os presentes sobre sua carreira ao longo de 28 anos integrando o sexteto do programa do Jô, além de ter trabalhado com nomes como o pianista Chick Korea e muitos outros. Eis que é anunciado debaixo de uma salva de palmas, o saxofonista e flautista Derico Scioti.

Antes de falar da parte musical do show. É impossível não mencionar a desenvoltura, quase se equiparando a habilidade musical, de condução e interação com o público mostrada por Derico, entre brincadeiras e curiosidades sobre sua carreira, até descer do palco e passear pela plateia entoando um tema lindo na flauta, que ecoou pelos quatro cantos do teatro e mais uma vez foi aplaudido pelo público.


O repertório foi adaptado para a música instrumental, porque como nas palavras do Derico “apesar de ser lindo, não canto” (risos)! Para se ter uma ideia, o repertório seguiu a linha de clássicos de Tom Jobim e outros gigantes da Musica Popular Brasileira, a exemplo de Pixinguinha.

Arquivo Pessoal


“Um convite carinhosíssimo feito pelo Felix Baigon, querido amigo, uma pessoa do bem, um empreendedor, um herói da música, vindo numa cidade que é queridíssima para mim, que eu tenho um amor, um carinho muito grande, as pessoas me recebem muito bem aqui sempre e tenho uma história com a cidade de 34 anos já, então, tudo corrobora. Aí, você vem fazer a volta de um projeto, que é maravilhoso, de fomento da música instrumental, com a oportunidade de audição de um estilo de música diferente para um público que estava afim de escutar e com a casa lotada, tudo isso fez da noite de hoje muito particular. E a gente estar presente é um privilégio, eu adorei. Um som bom, repertório bacana, banda excelente, tudo em ordem e agora os feedbacks que a gente está recebendo aqui, só gente feliz, saindo de bem com a vida numa terça-feira, então, adorei”, comemora Derico, que no mesmo dia ainda ministrou um workshop, na sala de música do Complexo Cultural Teatro Deodoro.

“Sem palavras aqui... nós retomamos o projeto e você viu que a galera estava com saudade e força do público também põe a gente para cima. Esse projeto é vitorioso, a gente agradece sempre a Diteal por abrir esse espaço e hoje aqui estava um cara que é ícone da música instrumental. Derico tocou por 28 anos no programa do Jô Soares, tem uma grande história, pessoas conhecem e respeitam por essa estrada. Nós, do Clube do Jazz, ficamos muito felizes com essa noite maravilhosa. Espero que no próximo mês façamos de novo, esse mesmo evento, com outro artista”, destaca Felix Baigon.


Marcelo Martins


Depois do sucesso do primeiro espetáculo, a expectativa para a segunda noite era de uma apresentação do mesmo nível da anterior, foi o que aconteceu. Para abrir a noite, o Clube do Jazz de Maceió fez uma verdadeira homenagem ao Dia do Jazz, comemorado em abril, mas, sem programação presencial nos últimos dois anos, no palco oficial de Alagoas, o centenário Teatro Deodoro, devido à pandemia.

Para fazer a abertura oficial, comandada como sempre pela presença marcante do Juan Maurer, teve a estreia da The New Stars In Bossa, grupo formado pelas cantoras, LoreB, Lari Gleiss e Andréa Laís, conhecidas pelo público alagoano, só que com uma grande novidade, o projeto juntas, e que junção!

Foto: Paulo Canuto


Como o nome revela, o repertório foi todo galgado na boa e velha bossa nova, flertando entre músicas autorais de cada uma delas, mas também com sucessos da MPB. O fato é, que não foi apenas uma participação, e sim um show a força dessas vozes femininas, que separadas já encantavam e agora juntas são um espetáculo à parte.

Foi então que chegou a hora de chamar o convidado da noite, o carioca Marcelo Martins. Durante a sua trajetória, Martins vem trabalhando com grandes nomes da música brasileira e internacional, entre eles Djavan, Antônio Adolfo, César Camargo Mariano, Eumir Deodato, Airto Moreira & Flora Purim, Ed Motta, Gilberto Gil, João Bosco, Leila Pinheiro, Moacir Santos, Marcos Valle e Ivan Lins.

Para as duas noites, a banda base foi o Clube do Jazz de Maceió. Quem esteve na plateia dificilmente acreditaria se a eles fosse revelado que a banda ensaiou apenas duas vezes e com os músicos convidados apenas uma, o que revela, além da segurança dos músicos, a interação e o “felling” musical de cada um deles, fazendo assim do repertório, enviado um dia antes, como um velho conhecido deles.

Foram altas doses de simpatia com o público, assim como virtuose, tocando temas complexos que fazem parte da estrada do músico. Uma coisa muito particular, nas duas noites, é que a interação com o público estava tamanha, que cada solo particular ou mesmo arranjo de “improviso” era muito aplaudido pelas pessoas presentes. Em muitos momentos, até os convidados olhavam com um semblante de felicidade, frente a qualidade dos músicos alagoanos.

Foto: Paulo Canuto


“Espetacular estar aqui, ainda mais num momento desse que estamos no meio da pandemia, as coisas caminhando para voltar ao normal. Fazer um show com público, num teatro desse espetacular... O Baigon (Felix) já tinha me falado sobre esse projeto há muito tempo e a gente quase realizava, num ano em que eu viria com Ivan Lins, inclusive, já que iriamos fazer alguns shows no Nordeste e eu iria esticar para fazer esse projeto, mas não rolou e depois de um tempo veio a pandemia. Agora, deu certo”, comenta o saxofonista.

Marcelo ainda conta que era com outro projeto que viria, se tratava de um festival que ele (Felix Baigon) estava organizando, mas acabou não acontecendo e, então, foi decidido voltar com o Jazz Panorama ao Vivo, quando aconteceu o convite do Baigon e a resposta não poderia ser outra, apesar de ter sido num prazo bem apertado, ele revela, já que além da apresentação, no mesmo dia de manhã, ministrou um Workshop, depois ensaio, hotel e show.

Baigon disse: “bicho, vamos lá, não é o festival, mas é o Jazz Panorama e tal”. Ele me avisou tem duas semanas, mas eu disse: “vamos”, aprontei esse repertório, mandei para eles e foi muito corrido, porque só ensaiei com eles uma vez. Mas deu certo, felizmente, graças a essa rapaziada que se dedicou, porque é tudo muito cheio de detalhes, eu poderia ter mandado um repertório mais simples (risos). Foi o maior prazer, que bom que o projeto está de volta e tem que andar mais, alcançar mais pessoas, porque esse projeto é necessário, assim como fazer música boa é necessário”, completa Marcelo.

“Fechamos com chave de ouro. Esse mini festival cumpriu a função ao qual ele estava “predestinado”. Vamos dizer assim porque você ficar um ano e dez meses em casa é muito difícil. E também nós tínhamos a necessidade de fazer uma prestação de contas com a Lei Aldir Blanc, já que isso aqui foi um projeto desta lei e assim tivemos uma surpresa muito bonita que foi o show das meninas (The New Stars In Bossa). Achei muito legal a postura delas, o profissionalismo, eu já esperava isso, mas não tanto, para mim foi surpreendente, além da expectativa. E o “Marcelinho”, um gênio do saxofone, as composições belíssimas de um trabalho autoral, isso é raro hoje em dia”, destaca Felix Baigon.

Foto: Paulo Canuto


Que foi um sucesso já está claro, agora é aguardar até novembro para ver esses músicos novamente no palco com o que fazem de melhor, música de qualidade e encantar as pessoas.