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Mais de 73% das PMs de Alagoas afirmam que já sofreram assédio no ambiente de trabalho

44,4% dos casos foram praticados por superiores hierárquicos; a pesquisa reuniu centenas de mulheres que trabalham nas Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Perícia Oficial e Polícia Penal

08/09/2021 16h04 - Atualizado em 08/09/2021 16h04
Mais de 73% das PMs de Alagoas afirmam que já sofreram assédio no ambiente de trabalho
Metade das mulheres que atuam na PM e na PC de AL já sofreu algum tipo de assédio - Foto: Ascom MPAL

Um levantamento do Ministério Público de Alagoas (MP/AL), em parecia com a faculdade de direito da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mostra que 73,5% das policiais militares do estado afirmaram que já foram vítimas de assédio no trabalho, sendo 44,4% das ocorrências praticadas por um superior hierárquico. A pesquisa reuniu centenas de mulheres que trabalham nas Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Perícia Oficial e Polícia Penal.

Ainda em relação às policiais militares, outro dado que chama atenção é o percentual de mulheres que já foram vítimas, presenciaram ou tomaram conhecimento da prática de assédio sexual dentro da corporação: 77,1%. E, dentre aquelas que realmente foram vítimas, 49,7% não denunciaram, alegando falta de estrutura de acolhimento e incerteza quanto à responsabilização do assediador.

Na Polícia Civil, o cenário é semelhante. Cerca de 52,4% vítimas declararam que já foram perturbadas no trabalho em razão do gênero, resultando no baixo desempenho das atividades profissionais. Além deste dado, 34,4% das policiais civis alegaram ter se sentido constrangidas por um superior hierárquico, que cometeu assédio sexual, e quase 29% dessas abordagens ocorreram no próprio ambiente de trabalho.

No Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, 46,9% das mulheres afirmaram ter sofrido assédio sexual, tendo 35,7% deles ocorrido dentro do ambiente de trabalho. Quase 40% dessas práticas vieram de superiores hierárquicos ou de colegas de mesma patente, o que liga diretamente a hierarquia ao ato. Já com relação ao comportamento sexual inadequado, 69,4% das bombeiras disseram ter sido vítimas.

O resultado do levantamento na Polícia Penal se assemelha aos demais, com metade das mulheres tendo sido vítimas de assédio sexual e, deste total, 39,1% dos casos foram praticados dentro das unidades prisionais alagoanas.

A Perícia Oficial foi o órgão que apresentou dados mais brandos com relação à prática de assédio. Dentre as mulheres que responderam à pesquisa, 24,6% delas afirmaram ter sido vítimas de assédio sexual, com quase 37% dos casos praticados por parte de um superior com cargo de comando. Sobre comportamento de cunho sexual inadequado, 1/3 das peritas garantiram que foram importunadas com piadas obscenas e imagens explicitamente sexuais.

O MP/AL lançou, nesta quarta-feira (8), uma campanha nas redes sociais contra os assédios moral e sexual praticados contra mulheres dentro dos órgãos que compõem as forças de segurança pública. A iniciativa, denominada “Mulheres em segurança: assédio não”, de autoria da Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial da capital, tem como objetivo mostrar que, dentro dessas instituições, tais condutas ilícitas são comuns e, justamente para combatê-las e proteger as vítimas, o MPAL, como defensor dos direitos fundamentais, está monitorando os casos para intervir naqueles em que houver necessidade.


Lívia Tenório - Gazeta Web