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Bolsonaro reforça tom contra STF e fala em ‘ruptura’ durante motociata

'Não podemos admitir que um ou dois homens ameacem a nossa democracia ou a nossa liberdade’, discursou presidente, em referência a ministros do Supremo

04/09/2021 18h06
Bolsonaro reforça tom contra STF e fala em ‘ruptura’ durante motociata
Bolsonaro em Pernambuco: presidente viajou à terra natal de Lula para agenda de dois dias  - Foto: Marcos Corrêa/Veja

O presidente Jair Bolsonaro reforçou neste sábado, 4, o tom contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que os protestos marcados para o 7 de Setembro serão um "retrato do povo" que servirá para colocar "no devido lugar" aqueles que "não respeitam a Constituição". De passagem por Pernambuco, onde realizou uma motociata, o presidente disse que "não podemos admitir que um ou dois homens ameacem a nossa democracia ou a nossa liberdade", em referência velada aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O presidente voltou a insinuar que os magistrados jogam "fora das quatro linhas" e que a tendência nesse caso é uma "ruptura". "Ruptura essa que eu não quero, nem desejo", acrescentou. "Mas a responsabilidade cabe a cada poder."

"Tenho certeza que o retrato da imagem lá da Esplanada (no protesto de 7 de setembro), onde estarei pela manhã, bem como o retrato à tarde, onde estarei na Avenida Paulista, o retrato do povo servirá para mostrar para esses que ousam não mais se submeter à nossa Constituição, eles serão colocados no devido lugar", discursou Bolsonaro, que aposta na mobilização de sua militância para se contrapor ao derretimento da popularidade do governo. Por causa das manifestações, o governo do Distrito Federal decidiu reforçar a segurança na Esplanada dos Ministérios na próxima terça-feira. O acesso à Praça dos Três Poderes será restrito.

"O poder moderador é representado por vocês. Ninguém pode ignorar o povo brasileiro. Repito: as imagens da Esplanada dos Ministérios, a imagem da Avenida Paulista, em São Paulo, serão a marca daquilo que o povo assim o quer. Se o povo quer, nós todos faremos, cumpriremos esse desejo. Nós nascemos para viver livremente nessa grande nação", acrescentou o presidente.

Em um novo ataque ao Supremo, Bolsonaro afirmou que "não podemos admitir que um ou dois homens ameacem a nossa democracia ou a nossa liberdade". O recado foi uma referência a Moraes e Barroso, que se tornaram as principais pedras no sapato do chefe do Executivo. Moraes é o relator de investigações que atormentam o Palácio do Planalto: o das fake news, o da interferência indevida na Polícia Federal e o que se debruça sobre uma organização criminosa digital que atenta contra a democracia. Barroso, por sua vez, provocou a fúria do chefe do Executivo por ter lançado uma bem-sucedida ofensiva para barrar a adoção do voto impresso, medida inócua de custo bilionário que não avançou no Congresso.