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Fortaleza quer superar feito histórico do CSA em torneios continentais

No Azulão em 1999, ex-presidente Arnon de Mello e ex-jogador Souza relembram o vice-campeonato inédito conquistado pelo clube azulino

Por Gazeta Web 24/10/2023 19h07
Fortaleza quer superar feito histórico do CSA em torneios continentais
CSA X Fortaleza: únicos clubes nordestinos em uma final de competição continental - Foto: Internet/Reprodução

O Fortaleza se igualou ao CSA, ao ser outro nordestino a chegar a uma final de um torneio continental. O Azulão foi à final da Copa Conmebol, em 1999, e sagrou-se vice-campeão. Neste ano de 2023, por sua vez, o Fortaleza chegou à decisão da Copa Sul-Americana. No entanto, o Leão vai tentar alcançar um feito ainda mais histórico: levantar o troféu de campeão, na finalíssima do próximo sábado (28), contra a LDU, do Quito.

Mas a tarefa será árdua para o Leão, assim como foi para o Azulão naquele ano, quando os azulinos não tiveram moleza. Ao contrário, foi uma verdadeira maratona até a grande decisão da agora extinta competição. Para uma equipe com poucos recursos, o CSA só jogou o torneio porque outros três times desistiram: Vitória, Sport e Bahia.

Presidente do CSA à época, Arnon de Mello, concedeu entrevista à ESPN, nesta semana, e relembrou toda a saga que o Azulão viveu naquele ano, quando foi finalista da competição.

Mas a tarefa será árdua para o Leão, assim como foi para o Azulão naquele ano, quando os azulinos não tiveram moleza. Ao contrário, foi uma verdadeira maratona até a grande decisão da agora extinta competição. Para uma equipe com poucos recursos, o CSA só jogou o torneio porque outros três times desistiram: Vitória, Sport e Bahia.

Presidente do CSA à época, Arnon de Mello, concedeu entrevista à ESPN, nesta semana, e relembrou toda a saga que o Azulão viveu naquele ano, quando foi finalista da competição.

Aos 23 anos, Arnon tinha acabado de assumir o CSA, que passava por uma grave crise financeira. "Fui candidato único [a presidente do clube] e eleito por unanimidade. O clube não estava em uma boa situação financeira, à época. A gente quase não tinha patrocínio, tinha muito pouco. E o que tinha, muitas vezes era levado para os acordos judiciais que haviam. A gente ia para cada conselheiro e pedia: ‘você consegue pagar duas passagens?’. Chegava para outro e falava: ‘você paga mais uma?’. E assim a gente chegou lá”, relembrou.

Otávio Quadros era o técnico do CSA, que tinha um elenco composto de muitos jovens da base, entre eles, o meia Souza, campeão mundial pelo São Paulo. “Eu costumo dizer que foi uma preparação para tudo aquilo que eu vivi depois. Meu primeiro jogo sul-americano foi pelo CSA”, disse Souza.

Após vencer o Vila Nova na estreia, em Maceió, por 2 a 0, gols de Missinho e Mazinho, o Tigre devolveu o resultado, na volta, mas o CSA venceu nas penalidades, por 4 a 3. Após esse embate, o time alagoano fez o primeiro jogo fora do Brasil de sua história: contra o Estudiantes de Mérida, da Venezuela, e muito jogadores sequer tinham passaporte.

“O time todo dormiu dentro do aeroporto, de uma noite para a outra. Dormimos, literalmente, no chão do aeroporto da Venezuela. Quando fomos para a Venezuela para esse jogo, não tinha conexão para todo mundo. Foi uma parte para a Colômbia, depois vieram de carro. Outra parte foi pela Venezuela. Foi uma confusão danada”, relembrou Arnon de Mello.

Apesar dos problemas, o CSA se classificou. Depois eliminou o São Raimundo, antes de encarar o Talleres da Argentina na grande final. No primeiro jogo, em Maceió-AL, o Estádio Rei Pelé ficou lotado e comemorou a vitória por 4 a 2, com três gols de Missinho, que faleceu em 2019.

Mas, na partida de volta, os brasileiros encontraram um clima hostil na Argentina. “Eu lembro que nós chegamos, descemos, chegamos até o estádio também para fazer o reconhecimento e também eles não deixaram usar chuteiras. Foi um clima de guerra”, disse Souza.

“Ninguém da CBF foi nos acompanhando, nem da Federação local. Então, assim, a gente ficou um pouco sem suporte lá na Argentina. Mas isso não é desculpa porque, realmente, futebol é dentro de campo e a gente acabou perdendo, mas, ainda assim, foi uma bela partida”, lembrou Arnon.

Logo no começo do jogo, com uma atuação questionável do árbitro paraguaio Ricardo Grance, o Azulão teve o volante Fábio Magrão expulso injustamente. Com um a menos, a situação ficou difícil. Aos 39 minutos do 1º tempo, Silva fez 1 a 0 para os argentinos. Já no 2º tempo, o artilheiro Dario Gingena marcou o segundo tento para eles, aos 30 minutos. Para fechar o placar e ficar com o troféu, o zagueiro Maidana fez o 3 a 0, aos 45 minutos do segundo tempo.

Apesar do vice-campeonato, Arnon de Mello considera que foi um título importante para os azulinos. “Não foi um título, mas nós consideramos quase como um título na história do CSA”, afirmou.

Souza também pensa da mesma forma, ao dizer: “Você olha hoje para o CSA, que já esteve em Série A, mas eu acho que disputar uma final de um campeonato internacional, da forma que foi, sem estrutura, com meio mundo de jogador da base, só nos dá orgulho. Eu acho que tenho muito orgulho de ter deixado o meu nome marcadona história do CSA”.