A desonestidade de Rodrigo Cunha em afirmação sobre desemprego em Alagoas
Que seja dita a verdade: a política é a arte de criar narrativas e maniqueísmo em desfavor de adversários. Quando vai à rede social usar os dados da pesquisa do IBGE para dizer que Alagoas tem maior número de desemprego do que o Brasil todo, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) representa a semiótica perfeita do caso, da manipulação de narrativas através da leitura de informações, em vantagem ao ex-candidato ao Governo de Alagoas, perdedor nas urnas para Paulo Dantas (MDB).
Vamos lá, em primeiro lugar: não, Alagoas não tem taxa de desemprego maior que todos os estados do país. Em relação aos 23 estados brasileiros e o Distrito Federal, está atualmente na 10º posição dentre os estados com maiores taxas de desocupação, em sua maioria do Nordeste. Mas é o terceiro melhor resultado da região, apresenta desempenhos melhores que Bahia (14,4%), Pernambuco (14,1%), Rio Grande do Norte (12,1%), Sergipe (11,9%), Piauí (11,1%) e Paraíba (11,1%). Afirmar que Alagoas “tem mais desempregados que o Brasil inteiro” com base na comparação com a taxa geral do país, que tem como parâmetro a divisão de todos os resultados para chegar ao denominador final, é no mínimo intencionalmente desonesto e incoerente - ou leitura equivocada das estatísticas. Gramaticalmente, a frase pode ser interpretada facilmente: Alagoas apresenta o maior resultado negativo entre os demais estados, quando não é assim a realidade.
O senador esquece de mencionar na sua análise que, apesar da alta de 1,3 pontos percentuais em relação ao trimestre imediatamente anterior na taxa de desocupação, Alagoas reduziu o desemprego em 3,6 p.p, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Ou seja, em um ano o estado avançou na geração de empregos. Em números absolutos, o desemprego atinge 142 mil alagoanos neste atual período, um contingente de 47 mil pessoas a menos na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando a desocupação atingia 189 mil pessoas. Quando comparado com o primeiro trimestre de 2021, os números são ainda mais positivos: o estado recuou de 254 mil pessoas no primeiro trimestre de 2021 – ou seja, 112 mil alagoanos saíram da fila do desemprego nesse período.
Moral da história: nem tudo é o que parece. É necessário interpretar os dados com calma e imparcialidade, principalmente quando os dados são usados em uma narrativa de estratégia política.
Em tempo: espero que os representantes públicos de Alagoas identifiquem os fatores que ocasionaram o retrocesso do último trimestre de 2022 para esse primeiro semestre de 2023, aprofundem e encontrem soluções para reagir. Afinal, os erros e acertos de um estado são resultado de todos, inclusive do próprio senador. E não apenas de Paulo Dantas, como tenta transmitir Rodrigo Cunha.